fonte: CREMERJ

A ameaça de transferência que médicos estatutários do Hospital Estadual Albert Schweitzer têm recebido foi discutida em nova reunião na terça-feira, 20. Um grupo de colegas esteve na sede do CREMERJ para pedir apoio contra os remanejamentos que estão sendo feitos de forma arbitrária.
Os médicos, todos com mais de 20 anos de dedicação ao hospital, alegam que a terceirização é o principal motivo de descontentamento, mas os baixos salários, o fechamento de vários serviços dentro da unidade e a alta rotatividade da enfermagem e de funcionários administrativos também geram insatisfação.
Eles relataram que, em abril, receberam uma carta da Secretaria Estadual de Saúde (SES) perguntando se eles queriam continuar trabalhando no Albert Schweitzer ou se preferiam ser transferidos. Em seguida, uma nova notificação foi entregue solicitando a assinatura e o comparecimento deles ao setor de recursos humanos do hospital, pois precisariam ser realocados.
A situação os levou a solicitar uma reunião com a SES e, na ocasião, ficou acordado verbalmente entre as partes que as transferências estariam suspensas. Desconfiados do desencontro de informações, os colegas resolveram apurar se havia algum documento da SES sobre as realocações, mas, segundo eles, não há nada oficial sobre o assunto. Eles pontuaram que as cartas recebidas pelos médicos da unidade tinham o logotipo da SES, mas eram assinadas pelo diretor de recursos humanos do hospital.
O diretor do CREMERJ Gil Simões criticou duramente a gestão dos hospitais por Organização Social (OS) e afirmou que a terceirização da mão de obra prejudica a estruturação dos serviços em virtude do grande rodízio de profissionais. “A situação de vocês demonstra a falta de respeito com profissionais que trabalham e se dedicam há tanto tempo a uma unidade de saúde. O CREMERJ está com os médicos estatutários nessa luta.”
Simões acredita que o melhor a fazer agora é cobrar uma posição da Secretaria Estadual de Saúde. “Vamos tirar os intermediários do caminho e cobrar uma resposta oficial do secretário. Não podemos mais aceitar que um jogue a responsabilidade para cima do outro”, defendeu ele.
A proposta é agendar uma reunião com o secretário com a presença de médicos estatutários de diferentes unidades de saúde que estão sofrendo com as realocações. Os colegas presentes foram estimulados a organizarem as suas propostas, dúvidas e reivindicações para serem apresentadas e debatidas nesse encontro.
O diretor do CREMERJ Serafim Borges também recriminou a terceirização do sistema público de saúde e afirmou temer a falta de pagamento dos médicos contratados pela OS num futuro próximo. “Vejo que, muitas vezes, não existe preocupação com a qualidade do serviço, só com o dinheiro. Lemos todo dia nos jornais notícias informando que determinado hospital não tem comida adequada porque não pagaram a nutrição ou que o serviço de limpeza não está funcionando porque não recebeu, vemos até falta de remédios porque a farmácia não foi paga. E agora, será que teremos problemas com falta de médicos fundamentais para o funcionamento do hospital se eles começarem a não pagar também?”, questionou.
Ao final do encontro, ficou acordado que os diretores do Hospital Estadual Albert Schweitzer e da OS também serão chamados para uma reunião para esclarecerem os pontos conflitantes.
Os conselheiros Erika Reis, Ana Maria Cabral e Carlos Enaldo Araújo também estavam presentes.